Sexta, 26 de Abril de 2024

Recomeçar

06/03/2017 as 10:36 | Fernandópolis | Da Redaçao
“Não importa onde você parou,/em que momento da vida você cansou,/o que importa é que sempre é possível/e necessário "Recomeçar". Esses versos de autoria de Paulo Roberto Gaefke, que circula nas redes sociais como sendo de autoria de Carlos Drummond de Andrade, expressam o desejo da maioria das pessoas em relação ao início de um novo ano.

O leitor dirá que o ano já começou faz tempo. Direi, depende. O folclore popular afirma que para o brasileiro o ano só começa depois do Carnaval. Por via das dúvidas, e não querendo contrariar a cultura do nosso povo, esperei esse tempo para recomeçar a escrever minhas colonas semanais, depois de longas férias jornalísticas. Afinal, colunista também é filho de Deus. E, se até Nossa Senhora optou por desfilar no Carnaval, eu acho que posso decidir por desfrutar de um santo descanso.

Segundo outro colunista, estou apenas seguindo o calendário errado, o Romano, que começa em março. Na verdade, o ano do brasileiro começa em junho, porque nos cinco primeiros meses trabalhamos para pagar impostos, assim, durante 153 dias vivemos para o governo, do dia 2 de junho em diante trabalhamos para nós mesmos, iniciando nosso ano pessoal, como apontou em estudo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). O “PT” do final da sigla é só uma coincidência. Ele também poderia chamar-se “Instituto Para a Modernidade Do Brasil”.

Seja quando tenha recomeçado ou for recomeçar o ano para cada um, grande parte dos brasileiros iniciou o ano fiscal fazendo sua contabilidade e pagando suas contas. Como já disse o José Simão, colunista da Folha de São Paulo, “janeiro é o mês da árvore símbolo do Brasil, o ipê: ipêva, ipêtu, ipêi e ipêrtensão! De tanta conta pra pagar, já tô ficando hipertenso!”

Que comece agora o novo ano ou no momento que você achar que deve, que dê para ser, que marque no calendário, no bloco de notas ou na sua determinação. Que comece igual, um pouco diferente ou tudo novo como gostaria que fosse.

Tudo é passível de mudança e de se fazer mudar. Seja o exemplo do Oscar 2017, grande prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográfica de Hollywood, que no ano passado foi alvo de protestos, tendo sido considerado o mais branco de sua história, quando os atores e técnicos de cinema negros foram completamente ignorados, tanto nas indicações quanto nas premiações, e que, nessa última edição, “coincidentemente” indicou um número recorde de artistas negros, premiando muitos deles, como a grande atriz Viola Davis, da qual sou fã, especialmente por sua atuação na séria televisiva “How to get away with murder”, dentre tantas outras de fenomenal performance. Hollywood é mesmo a grande fábrica de sonhos e ilusões.

No mundo real nem sempre é possível ser um ator premiado ou fazer uma grande performance ou ainda tornar-se um grande roteirista de filmes, mas, com ou sem chavões, é possível escrever o roteiro da própria vida ou reescrever se for preciso, fazendo mudanças, adaptações ou ajustes de acordo com o orçamento e os obstáculos “técnicos” que surgirem.

Quando decidir, que seja um próspero recomeçar, da maneira que determinar, ainda que o universo tente contrariar.


Sérgio Piva
s.piva@hotmail.com

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