Sexta, 26 de Abril de 2024

Polícia procura 73 pessoas desaparecidas na região

Maria Fernanda da Silva Reis, 33 anos, foi vista pela última vez, pelo marido (identidade não divulgada), no dia 24 de dezembro de 2010, junto com o filho Luis Miguel da Silva Reis Lucon, 01 ano de idade
24/06/2011 as 08:00 | Região | José Luiz Lançoni
A polícia da região procura 73 pessoas que desapareceram nos seis primeiros meses deste ano em 38 cidades que fazem parte da Delegacia Seccional de Rio Preto.

Desse total, 62 são adultos. Só no município de Rio Preto, a Polícia Civil investiga 60 eventos dessa natureza. Apesar de minoria, o sumiço de crianças é o que mais causa comoção. O caso de maior repercussão do momento é o do menino Nicolas, de 4 anos. Ele desapareceu da casa da família, em Catiguá, há 20 dias.

Para o delegado seccional de Rio Preto, Jozeli Donizete Curti, a falta de informações é o grande desafio para a investigação. Segundo ele, na tentativa de encontrar a pessoa, a polícia faz contato com familiares, amigos e segue todas as pistas que podem revelar o paradeiro. Mesmo assim, não consegue solucionar todas as ocorrências.

Se um desaparecimento é angustiante para os familiares, o sofrimento duplo eleva o desgaste na espera por informações. Essa é a realidade vivida pelos parentes de Maria Fernanda da Silva Reis, 33 anos, e do filho dela, Luiz Miguel da Silva, de um ano e quatro meses, de Fernandópolis. Eles estão sumidos há seis meses. A aposentada Nadir Silva Reis, 71, diz que a filha e o neto desapareceram após uma série de conflitos com o ex-companheiro da mulher, que é pai da criança. “Quero encontrá-la viva. Não aguento mais esse sofrimento”, diz.

O mistério envolvendo o caso é apurado na Delegacia de Investigações Gerais (DIG), mas o delegado responsável, Gerson Piva, não quis fornecer detalhes da investigação. Além de crianças, adultos desaparecidos também dão trabalho à polícia. O chaveiro João Soares dos Santos, 47, não é visto há dois meses em Rio Preto. Misteriosamente, ele deixou a família e o casamento de 18 anos.

“Recentemente fomos para Nova Granada, onde uma pessoa parecida teria sido vista. Andamos por todo lado e não o encontramos”, diz a mulher, Ana Feliciano do Prado, 48.
Nos dias anteriores ao sumiço, Santos apresentou quadro de angústia, mas não revelou o motivo. “Essa dor de esperar dia e noite é pior que a morte”, afirma Ana.

Fuga

Outro complicador são as fugas do lar de adolescentes e adultos. “Inicialmente a família registra como desaparecimento, mas posteriormente descobre que se trata de fuga”, afirma Curti. Neste ano, 127 registros foram retirados do sistema policial por esclarecimento ou a pedido dos parentes.

Entre os sumiços de adolescentes está o de uma garota de 17 anos. No dia 25 de maio de 2010, ela disse à mãe que visitaria uma amiga e desapareceu no bairro Redentora, em Rio Preto. Um mês depois, reapareceu e afirmou que havia ido morar na casa do namorado.

Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), entre os principais motivos de desaparecimentos de pessoas estão conflitos familiares e envolvimento com drogas. No caso de crianças, a polícia segue várias linhas de investigação, como sequestro e assassinato por maníacos.

Francisquinha sumiu há 9 anos

Sem contar os casos registrados em 2011, a região tem desaparecimentos emblemáticos envolvendo crianças. Em Votuporanga, Francisca Simara Souza Gomes, a Francisquinha, sumiu misteriosamente há nove anos. Na época, a menina tinha 8 anos. “Estou doente de tanto sofrimento”, diz a mãe, Francisca Vilani Souza dos Santos, 35.

No início deste ano, o promotor de Justiça Eduardo Martins Boiati pediu novas diligências na investigação. “Pode haver envolvimento de um homem preso pela morte de uma criança, em Cardoso, na mesma época”, afirma Boiati. A investigação está sob responsabilidade da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), mas sem qualquer avanço.

Já em Potirendaba, a angústia toma conta da vida da família de Renata Cristina da Silva, que desapareceu a caminho da escola no dia 12 de junho de 1997. Na ocasião, Renatinha estava com 11 anos. Apesar da investigação, a família ainda aguarda respostas da polícia.
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