Sexta, 26 de Abril de 2024

Luciano celebra álbum gospel: Minha prioridade é cantar pra Jesus

28/10/2020 as 09:42 | Brasil | G1
Em setembro, Whindersson Nunes divulgou um trabalho com influência 100% religiosa. Durante a pandemia, Anitta, Luan Santana e outros artistas cantaram louvores em suas lives. Agora, é a vez de Luciano se aventurar nessa seara.

Sem o irmão, Zezé Di Camargo, o cantor sertanejo garante que não entrou nessa por modismo, tendência de mercado ou inspiração na pandemia.

"A primeira vez que a sementinha desse projeto foi colocada em mim, foi através da minha mãe há 20 anos", recorda Luciano, ao lembrar que dona Helena pediu para que o filho gravasse um álbum de louvores.

"O tempo foi passando e essa vontade em mim foi crescendo, mas há três anos, eu liguei para meu produtor falando que eu queria muito fazer esse projeto, mas a gente não deu o start", relembra o cantor durante conversa com o G1.

Em julho de 2019, durante um ensaio para o show da turnê "Amigos - 20 anos", ele decidiu retomar a ideia e compartilhar esse desejo com um, até então, desconhecido.

"Conversando ali com o Daniel, que é o vocalista do Chitão... Conheci ele naquele dia e tive vontade de falar sobre o projeto. Mas o tempo não era aquele ainda." O cantor adiou mais um pouquinho os planos, mas agora, em 2020, conseguiu colocar em prática o projeto.

Neste mês, Luciano lançou "Tempo", primeira música de seu projeto gospel, que contará com dois EPs. O primeiro, com 9 faixas, chega ao mercado no final de novembro. O segundo, com 8 canções, está previsto para 2020.

O projeto solo deu espaço para comentários sobre o fim da dupla com o irmão, Zezé Di Camargo. "Não existe Zezé Di Camargo sem o Luciano e não existe o Luciano sem Zezé Di Camargo. É um projeto solo, é um projeto pessoal." Ele já tem programado uma websérie e um novo disco de inéditas como dupla.

Durante bate-papo com G1, Luciano deu mais detalhes sobre o disco, falou sobre o período de isolamento com a família. Ele também confessou que sentirá dificuldade em voltar para a estrada quando os shows voltarem ao normal."Por mais que eu tenha saudade do me trabalho, por mais que eu tenha saudade de estar ali cantando, eu sei que vou sentir muito mais saudade do que estou vivendo. Essa tranquilidade de não ter que me afastar da minha mulher nem por duas horas."

G1 – Você já tinha esse plano para um trabalho gospel faz tempo. Esse período de paralização de agenda por causa da pandemia facilitou pra você conseguir coloca-lo em prática?
Luciano - Eu tenho certeza que se não tivesse tido a pandemia, aconteceria de todo jeito, porque já estava em mim, independente de pandemia ou não. Eu não posso dizer se outros artistas que gravaram louvores esse ano, artistas seculares, o que levou eles a gravarem. Eu sei de mim, o que trouxe essa minha vontade. Foi primeiro o pedido da minha mãe. E também a minha mulher, porque a primeira vez que eu entrei em uma igreja foi com a Fau, há 17 anos. Eu me converti naquela época.A pandemia me ajudou é que eu tive realmente tempo pra me entregar totalmente a esse projeto, na produção dele. A pandemia ajudou? Ajudou, mas não foi proposital.

G1 – E como foi o processo de produção? Porque, enquanto dupla, você está acostumado a deixar mais essa parte pro seu irmão, né?
Luciano - O Zezé sempre produziu, porque o Zezé é o compositor, ele é o cara que mais teve contato com os compositores que acompanharam a gente nesses 30 anos. Então é mais fácil, mais saudável e até mais profissional, vamos dizer assim, ele cuidar da produção. Desde o começo da escolha da música até o final.Eu tenho um produtor meu, que é o Vinicius, que está comigo há 25 anos. Sou o único artista de dupla, um segunda voz, que tem seu próprio produtor. E quando eu dei o start no projeto esse ano, chamei ele. A gente sentou e quanto estava escolhendo o repertório, estava o [Anderson] Toledo, que é o maestro desse álbum, e o Vinícius falou que pensava em mandar todas as músicas para ele.Então o processo de produção foi um maestro fazendo como se fosse uma trilha musical para um filme no cinema. Por mais que sejam estilos diferentes, um arranjo conecta com o outro. Essa foi a linha de produção que a gente fez. Três pessoas produzindo: uma no arranjo, uma na voz e o outra no comando geral.

G1 – Você que compôs as faixas? Fez algo para alguém em especial ou algum momento específico de sua vida?
Luciano - Não. Esse álbum é pra Ele. Não é momento de pensar em homenagear alguém ou falar sobre o caso de alguém. Eu tive, no começo, um receio muito grande de que os compositores não mandassem música pra mim. Tanto que esse projeto era pra ser de regravações. Quando eu comecei a receber as músicas dos compositores, eu falei: "peraí. Aqui é o primeiro sinal de que estou sendo muito bem aceito".Tem composição do [Tiago Cardoso] Baruque, do Anderson Freire e da esposa dele, Raquel Freire, do André Freire, da Gabriela Rocha e de um menino que conheci no Rio de Janeiro, chamado Yago Vidal. As músicas dele me tocaram profundamente, que é a parte worship [adoração] desse projeto.O que coloco nesse projeto são louvores congregacionais, pentecostais e worship, que é a doação, é onde me identifico muito. O worship realmente é o que mais me identifico.

G1 - Por que você ficou com medo de os compositores não te mandarem músicas?
Luciano - Tem 17 anos que sou evangélico, mas nunca expus a minha fé, nunca expus o meu dia a dia com a fé. E num momento desse de pandemia, muitos poderiam chegar e falar: pô, tá vindo porque foi tocado por um momento de caos. Não, eu fui tocado 20 anos atrás. O meu receio era isso. Um cara que canta música sertaneja, do seguimento secular, que é como a gente chama música sem ser evangélica, sem ser louvores... Eu tinha esse receio. Mas era em mim, não era em nenhum deles.

G1 - Já tem uns anos que você canta sozinho em uma parte no show da dupla, mas como foi se ver totalmente como primeira voz, em carreira solo?
Luciano - Sabe, eu nunca vi essa coisa de primeira voz e segunda voz. A gente só fala primeira e segunda voz porque são dois cantando, agora se você perguntar pra qualquer um, tecnicamente falando de voz, ele vai te dizer o quanto uma segunda voz, além da importância, é difícil de fazer. A gente faz a linha, o desenho, enquanto a primeira voz está ali, na melodia. E é isso que faz deixar realmente de ser um cantor solo. É a hora que a segunda voz faz o desenho por baixo. E eu sempre me vi ali como dois de grande importância cantando ali. Importâncias iguais.Não foi difícil porque, como você mesmo disse, nesses 30 anos sempre faço números sozinho, já gravei muitas músicas sozinho. O que achei muito difícil no começo foi colocar a voz para mim mesmo, fazer dueto comigo mesmo. Isso eu achei difícil.

G1 – Com o anúncio desse projeto, começaram a surgir alguns comentários em sites noticiando o fim da dupla...
Luciano - Eu não leio "sites", pseudorepórteres pseudoinformados. No "Fantástico", saiu bem claro: é um projeto solo paralelo. Eu tive esse cuidado. Não existe Zezé Di Camargo sem o Luciano e não existe o Luciano sem Zezé Di Camargo. É um projeto solo, é um projeto pessoal.Mas se você perguntar pra mim: qual é sua prioridade hoje? Em tudo, a minha prioridade hoje é cantar pra Jesus. É ser de fato Dele. Isso é o que importa pra mim. Não importa que de repente alguém possa escrever e insinuar e achar que a sua mentira é uma verdade. Pra mim, não importa. Quando eu vou dormir, que eu dobro meu joelho e faço minha oração, quem tá ali sentindo o meu coração e ouvindo a minha voz é Deus. E ele me ouve há trinta anos, tanto que tudo o que consegui foi através da música.Não estou criando um caminho paralelo porque deixei de ser sucesso. Ano passado qual foi o maior especial, maior assunto dentro da música? "Amigos". Quem faz parte do "Amigos"? Eu faço parte do "Amigos". Ano passado mais de 130 shows junto com meu irmão Zezé.Eu estou muito tranquilo. Sei sim que muitos vão fazer críticas. E não tenho nenhuma pretensão de pregar numa igreja, pra isso existem os pastores que são muito bem conduzidos, guiados, para ministrar a palavra.

G1 – Pensa em fazer uma turnê com esse projeto?
Luciano - Eu não posso dizer pra você que gravei pensando em uma turnê porque eu não sou artista do universo gospel. Pra fazer uma turnê você tem que virar sucesso, um mega sucesso, e não é o intuito. O intuito, antes, no começo, era só colocar no digital. Ele foi crescendo.

Mas não tenho pretensão de fazer show, nenhuma. Tenho uma, que é louvá-lo na igreja. Passei muito tempo querendo isso. Eu fico vendo os grupos de louvores da minha igreja e quando vejo na internet... isso eu tenho vontade, de cantar em uma igreja.

G1 - Nessa pandemia você ficou afastado do seu irmão. Estão se vendo ou só não estão trabalhando juntos?
Luciano - Não, só não estamos trabalhando. O Zezé foi pra fazenda e ficou lá. Eu me isolei realmente em casa. Só saí pra esse projeto. E com todos os cuidados. Ontem falei com Zezé e ele teve a ideia de fazer uma websérie. Projetos de Zezé Di Camargo e Luciano, claro que existem. Mais uma prova que não vou parar de cantar com meu irmão. E também estamos fazendo um álbum só com inéditas.

G1 – Os shows da turnê "Amigos" foram adiados novamente. Queria saber qual sua visão sobre o cenário de shows atualmente com todas as mudanças causadas pela pandemia.
Luciano - Sempre fui otimista. Eu não vou entrar na questão se está no momento ou se não está no momento de voltar, porque a gente tem que olhar tudo o que acontece em volta. Mas sempre fui otimista em qualquer situação. Sei que por mais fundo que seja o buraco, a gente não fica ali pra sempre, a gente vai ter que sair uma hora.

Então eu sempre fui otimista nesse caso da pandemia porque sabia que a gente ia sair e as coisas iam voltar ao normal. Tempo pra voltar, precisa, é necessário. E acho que vai haver também uma depuração nesses eventos, vai ter um cuidado maior, até nós conosco mesmo.

G1 – E como tem sido esse período pra você? Passou por alguma crise?
Luciano - Não. Eu estava falando com o Serginho Groismann numa entrevista e pedi desculpas antes de falar o que eu vivi nessa pandemia. Pedi desculpas pras pessoas pra não parecer egoísta e até insensível. A felicidade em mim sempre foi plena, mas mesmo a felicidade sendo plena, a gente tem um momento ou outro de tristeza.

Tirando a pandemia, a tristeza pelo outro que eu tive, eu não tive mais nenhuma. Ficar em casa, poder estar com minha mulher todos os dias... sou casado com a Fau faz 17 anos. Durante 7 anos ela viajou comigo para todos os lugares. Ela era minha casa. Quando as meninas nasceram, ela passou a ficar em casa. Por mais que eu seja caxias em voltar pra casa, querer ficar em casa, eu nunca tinha ficado com elas quatro meses seguidos. Eu estou há sete.

Parece egoísmo, mas não. Foi um momento de muita paz pra mim. Se eu e minha mulher já tínhamos uma certeza muito grande do que somos um para o outro, nessa pandemia, essa certeza solidificou mais ainda e a gente descobriu realmente aquilo que a gente sempre falava: nos bastamos.

G1 – Aprendeu algo, alguma habilidade diferente, durante esse período?
Luciano - Vamos dizer que coloquei um pouco a minha leitura em dia, li muito a Bíblia, reli um livro que ganhei em 1999. Não busquei nada de diferente. Na verdade, eu curti tudo o que eu tenho, que eu já tinha, e de repente não podia curtir todos os dias.

G1 - Você acha que vai ter dificuldade em voltar pra estrada?
Luciano - Você sabe que não minto. Se você não tivesse feito essa pergunta, eu ia estar mais tranquilo. [risos] Vou sentir muita dificuldade em voltar pra estrada. Por mais que eu tenha saudade do me trabalho, por mais que eu tenha saudade de estar ali cantando, eu sei que vou sentir muito mais saudade do que estou vivendo. Essa tranquilidade de não ter que me afastar da minha mulher nem por duas horas.Então vai ser difícil pela falta que eu sei que ela vai fazer. A falta da comida dela, a falta de participar de toda organização que ela sempre fez em casa. Isso vai fazer muita falta. Por isso eu acho que vai ser muito difícil quando voltar o normal. Vai ser muito difícil.
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