Quinta, 25 de Abril de 2024

Maquiadora transexual foi morta pelo ex por dívida de R$ 5 mil

03/09/2020 as 09:05 | Estado de São Paulo | G1
A maquiadora transexual Alice Garrefa, que desapareceu em Ribeirão Preto (SP) e foi encontrada morta no Rio Piracicaba, tinha uma dívida de R$ 5 mil com o ex-companheiro, o que motivou o crime, segundo a Polícia Civil.

José Martins Ayres Júnior, de 55 anos, é apontado pelas investigações como o principal suspeito do assassinato da jovem de 25 anos. O corretor de seguros é de Florianópolis (SC) e prestou depoimento na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Ribeirão Preto na manhã desta quarta-feira (2).

Ele foi indiciado pela Polícia Civil por homicídio e está preso temporariamente desde o dia 21 de agosto na Cadeia de Santa Rosa de Viterbo (SP).

O advogado dele, Alexandre Faleiros, nega que o cliente tenha cometido o crime e diz que vai fazer um pedido de habeas corpus à Justiça nos próximos dias.

Dívida
Em depoimento ao delegado Rodolfo Latif Sebba, que investiga o caso, o corretor disse que manteve um relacionamento com a maquiadora entre agosto e dezembro de 2019, quando Alice, que era de Sertãozinho (SP), morou em Florianópolis.

O suspeito relatou ao delegado que conheceu a jovem em um ponto de prostituição na capital catarinense e, depois de um tempo, Alice passou a viver na casa dele. Foi neste período que a dívida foi adquirida com a compra de mercadorias.

"Ele foi se encontrando com ela lá e foi nutrindo uma amizade. Ele alega que ela pediu ajuda, porque estava com algumas dívidas, e ele resgatou e acolheu ela", diz Sebba.

Em dezembro, o casal rompeu o relacionamento e Alice se mudou de Florianópolis para a capital paulista. Em seguida, retornou a Ribeirão Preto.

Cobrança
O delegado relata que, nos últimos meses, a maquiadora foi ameaçada de morte pelo suspeito por mensagens no celular em virtude da cobrança da dívida.

A polícia apurou que Ayres Júnior contratou um colega por R$ 500 para marcar um encontro falso com Alice em um motel na zona Leste de Ribeirão Preto, no intuito de cobrar a maquiadora pela dívida. Foi neste local que a jovem foi vista viva pela última vez, no dia 3 de agosto.

O colega também ficou responsável por acompanhar o corretor na viagem de Florianópolis a Ribeirão Preto. O homem é investigado por suspeita de envolvimento no crime, mas ainda não foi encontrado pela Polícia Civil.

"Ele conseguiu contato com ela por anúncios de sites de acompanhantes e agendou o encontro. Ele falou que queria atrair ela para o motel porque queria conversar com ela", diz Sebba.

Em depoimento, o suspeito disse à polícia que, depois do encontro, levou Alice até um hotel próximo à rodoviária de Ribeirão Preto, no Centro, e voltou para capital catarinense. O delegado, no entanto, diz que a informação é falsa.

"A gente não consegue dizer que é verdade. A gente tem outras informações e acreditamos que essa informação não é verídica", afirma Sebba.

Morte
Com base em imagens de câmeras de segurança e outros documentos, a Polícia Civil apurou que o carro do corretor seguiu viagem em direção à região de Campinas (SP) e passou pelas rodovias na região de Americana (SP), onde o corpo de Alice foi encontrado.

"A gente tem registros de pedágios, de câmeras, de tudo que a gente tem de monitoramento de veículos, que comprovam que ele passou bem em cima da ponte do Rio Piracicaba", diz o delegado. "É o carro que ele entrou no motel e saiu."

Outros documentos, como a perícia do carro do corretor, estão sendo realizadas para compor a investigação, que é conduzida pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Ribeirão Preto.

O delegado diz que o inquérito deve ser concluído em cerca de 40 dias, mas as evidências coletadas até o momento já apontam que José Ayres Júnior é o autor do homicídio. A prisão temporária dele, que vence este mês, pode ser prorrogada.

"A morte da vítima interessa a este indivíduo, que tentou arrebatar ela em outros momentos, que se deslocou até Ribeirão Preto, armou um encontro falso com ela e o caminho que ele tomou foi exatamente onde o corpo foi deixado. É uma série de indícios, apesar da negativa dele", diz.

Outro suspeito, que havia sido preso no dia 12 de agosto, foi solto. A polícia descartou o envolvimento dele na morte da maquiadora.
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