Sexta, 19 de Abril de 2024

PF: organização criminosa era composta por 2 diferentes núcleos

16/08/2019 as 16:36 | Araçatuba | SBT Interior
A organização criminosa comandada por José Avelino Pereira, o Chinelo, tinha dois diferentes núcleos dentro do esquema que fraudava e superfaturava contratos entre empresas ligadas a Chinelo e a Prefeitura de Araçatuba.

O sindicalista foi preso durante a operação #TudoNosso, que prendeu o sindicalista e pecuarista e mais 14 pessoas apontadas como envolvidas nas operações, que somam R$ 15 milhões, no começo da semana.

De acordo com relatório de investigação da Polícia Federal, no qual a reportagem do sbtinterior.com teve acesso, o esquema era formado pelo núcleo principal, no qual dois grupos fazem parte: os articuladores e colaboradores.

Dentro desse núcleo, Chinelo é apontado como líder de uma organização, em uma lista com outros 21 integrantes. Segundo a PF, o núcleo, formado por grupos de "articuladores", "colaboradores" e "laranjas", apresentam subordinação direta a Chinelo.

COLABORADORES

O grupo de colaboradores, de acordo com a PF, engloba 19 pessoas que trabalham diretamente para Chinelo, na condição de funcionários ou, ainda, como "laranjas" de empresas ou instituições do grupo como o IVVH (Instituto de Valorização da Vida Humana), C.A. de Lima Prestação de Serviços Ltda., Vipig Transporte e Locações Ltda., Bolívia Comércio de Materiais de Limpeza Ltda e SEN Prestação de Serviços.

ARTICULADORES

Já o grupo de articuladores, conforme relatório da PF, são servidores públicos, nomeados para cargos em comissão na Prefeitura Municipal de Araçatuba por intercessão de Chinelo, com acesso a informações privilegiadas e influência em setores estratégicos do poder público municipal, e que possuem a função de defender os interesses da organização criminosa.

Este grupo é composto por três pessoas, todas nomeadas pelo prefeito Dilador Borges.

O primeiro é José Claudio Ferreira, o Zé Pera, diretor de departamento na Secretaria Municipal de Administração, e identificado pela PF como principal intermediador do grupo de Chinelo com o poder público municipal, "havendo indícios de que ele utilizou de seu cargo para militar tanto pelas contratações de empresas do grupo, quanto pelo pagamento destas".

O segundo nome presente no relatório da PF é Thiago Henrique Braz Mendes, assessor executivo da Secretaria Municipal de Governo e que também ocupou o cargo de presidente do COMAS (Conselho Municipal de Assistência Social) e, posteriormente, do Conselho Municipal de Saúde. Segundo a PF, Mendes defendia os interesses de Chinelo e é apontado como sócio oculto de uma das instituições do grupo, que tem contrato firmado com a prefeitura.

O último nome presente na lista é o de Alexandre Candido Alves, nomeado como diretor da Vigilância Sanitária e Epidemiológica de Araçatuba. Conforme a PF, Alves demonstrou clara subordinação a Chinelo, a quem se refere como "patrão".

NÚCLEO DE FACILITADORES

O núcleo de facilitadores, apontado pela PF, é formado por servidores públicos que integram o alto escalão da administração municipal, possuem estreia ligação com Chinelo, mas não são diretamente a ele subordinados.

No núcleo são nomeados o prefeito de Araçatuba, Dilador Borges, a vice-prefeitura, Edna Flor, a ex-secretária de Assistência Social, Maria Cristina Domingues, a servidora da Secretaria de Assistência Social, Silvia Aparecida Teixeira e o vereador municipal Rivael Benedito de Souza, o Papinha.

"Este núcleo é formado, em sua maioria, por políticos regionais que tiveram sua eleição abertamente apoiada por José Avelino, vulgo Chinelo, e que demonstraram, durante o período de investigação, terem conhecimento da relação de titularidade deste sobre as pessoas jurídicas do grupo que celebraram contrato com a municipalidade, tolerância com problemas identificados na prestação de serviço e na prestação de contas destas empresas, sem mencionar as indecorosas solicitações de favores realizadas por estes servidores a integrantes do grupo criminoso que foram identificadas no decorrer da interceptação telefônica", diz a PF.

Ao todo, 28 pessoas - entre elas as 15 presas - são mencionadas no relatório. Dilador, Edna e Papinha, por terem prerrogativa de função, não podem ser considerados investigados. Outros documentos foram encaminhados ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região para que eles deem andamento aos autos do processo.

A reportagem procurou a Prefeitura de Araçatuba, que disse que "o prefeito Dilador Borges e a vice-prefeitura Edna Flor não fazem parte de nenhuma organização criminosa".

"O termo facilitadores, citado nas matérias apresentadas pela imprensa, não procede como fato já julgado pela Justiça, mas sim como algo a ser demonstrado pela Polícia Federal por meio de provas concretas".

O vereador Papinha disse para a reportagem do SBT que não recebeu nenhum comunicado oficial sobre nenhuma investigação e soube que seu nome foi citado por meio da imprensa. Disse também que toda uma legislação precisa ser seguida e que sempre trabalhou com transparência e que jamais realizou nenhuma ação que pudesse facilitar a contratação de alguma empresa ligada a Chinelo.

As defesas dos outros citados não foram encontradas.
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