Terça, 23 de Abril de 2024

Frente em combate à violência contra mulher é instaurada na Alesp

15/08/2019 as 08:27 | Estado de São Paulo | Da Redaçao
O ano de 2010 marcou a vida e a história do deputado Márcio Nakashima (PDT). Há nove anos sua irmã Mércia Nakashima foi brutalmente assassinada pelo então companheiro Mizael Bispo. De lá para cá o deputado luta diariamente em favor da defesa da mulher, e nesta quarta-feira (14/08) lançou a Frente Parlamentar em Combate à Violência Contra a Mulher, ao Feminicídio e aos Relacionamentos Abusivos.

"Infelizmente é um tema que só avança e cresce no Brasil. Não entendemos essa selvageria. Espero que com o lançamento dessa frente a gente consiga discutir esse fenômeno, entender um pouco melhor a questão e criar políticas públicas para que possamos combater, educar e colocar um fim nesta violência. O parlamento paulista servirá de exemplo e poderá fazer a diferença. Espero ser muito eficiente nessa questão. Essa é minha maior bandeira", declarou o parlamentar emocionado.

O grupo pretende estabelecer um canal de diálogo entre o poder público e a sociedade, além de propor ações de enfrentamento e prevenção da violência. "Dar as mulheres condições de elas denunciarem as agressões que sofrem, bem como o respaldo necessário. Fazer uma rede de apoio aos crimes violentos", disse o Secretário de Justiça e Cidadania do Estado, Paulo Dimas. Ainda segundo ele, uma das ações da secretaria é ajudar as mulheres a deixar a dependência econômica dos parceiros que, segundo especialistas, é um dos motivos que a faz ser agredida e ter o receio de fazer as denúncias.

"Estamos promovendo cursos de empreendedorismo para as mulheres e, nos centros de apoio às vitimas de crimes violentos, as apoiamos com orientação jurídica da defensoria pública com atendimento psicológico e social. É uma série de políticas públicas que temos que desenvolver e a Frente é fundamental neste sentido", acrescentou Dimas.

A Frente Parlamentar ainda lutará por uma estrutura adequada de acolhimento, rede especializada de serviços e cumprimento pleno da legislação. "É uma realidade que assola o país, pois a cada dois minutos uma mulher é agredida e essa frente parlamentar vem muito a nos auxiliar", declarou Luciana Lopes, delegada titular da Delegacia da Defesa Mulher de Guarulhos, que faz um trabalho reconhecido sobre o acolhimento às mulheres que enfrentam esse tipo de situação.

Quem também participou do lançamento no Auditório Teotônio Vilela foi a apresentadora de TV Renata Banhara, que foi agredida por seu ex-companheiro. "A mulher precisa de voz e vez, pois encontramos vários muros de preconceito. Eu acredito na união de homens e mulheres do bem em favor desta causa. Precisamos de uma força conjunta", declarou.

Dra. Damaris Moura, deputada eleita pelo PHS, fez um discurso contundente. "O problema da violência contra a mulher é de cada um de nós. Fico preocupada quando queremos atribuir ao governo toda a responsabilidade ao combate. Esse problema é meu como mulher, é meu como mãe. Tenho de ensinar para o meu filho que ele precisa respeitar as mulheres. Esse problema é meu como educadora, como advogada que sou. Esse problema é de todos nós: das escolas, das igrejas e espaços religiosos. Enquanto não falarmos abertamente sobre esse problema, veremos mulheres sofrendo violência".

Também presente à mesa, a deputada Edna Macedo (PRB), trouxe à discussão alguns aspectos para serem debatidos na frente parlamentar. "Falamos para a mulher fazer a denúncia, porém ela continua refém do agressor. A justiça pede para que o agressor fique a 10, 20 metros dela, porém quem fiscaliza esse homem? Não adianta. Precisamos de medidas mais duras e severas. Nossas leis não são endurecidas, sempre deixa alguma brecha", argumentou.

O deputado Sargento Neri (Avante) fez alertas importantes. "Como conseguir fazer com que o grito dessas mulheres saia das quatro paredes? Não é fácil. A justiça é lenta, o Estado não consegue fazer um trabalho protetor, mas não podemos desistir. A sociedade paulista tem de se unir contra esse crime", acrescentou.

O deputado Delegado Olim (PP) foi quem fez a investigação do caso "Mércia Nakashima" na época, e se colocou à disposição da frente. "Agora vamos para cima da bancada federal para mudar algumas leis. Precisamos de mais leis além da Maria da Penha. Sabemos que todos os dias as mulheres sofrem por abuso de homens inescrupulosos. Temos que tomar providências. Conte comigo", disse.

O Ministério Público foi representado pela procuradora do Estado, Lidia Passos. "Esse tema envolve, ao final de contas, alguns dos mais covardes crimes que a nossa sociedade tem. O crime contra a mulher é contra a sociedade. É um crime que ofende e machuca demais a todos. Combater isso é civilizatório. Nós do Ministério Público nos colocamos à disposição, com empenho e esforço a serviço dessa causa".
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