Sexta, 19 de Abril de 2024

Viajar é preciso

06/06/2017 as 09:52 | Fernandópolis | Da Redaçao
Uma vez mais parafraseando Fernando Pessoa (já o fiz em outro texto intitulado “desrotinizar é preciso”), lanço mão não somente da denominação do texto do poeta português, mas também de parte do significado do seu poema.

Segundo interpretações, Fernando Pessoa, em “Navegar é preciso, viver não é preciso”, pode ter dimensionado vários significados a essa frase dos navegadores antigos. Levando-se em consideração apenas o título, a primeira interpretação remete à frase original de Pompeu, general romano, dita aos marinheiros, amedrontados, que se recusavam a viajar durante a guerra, de que navegar, explorar o mundo ou até mesmo ser um guerreiro disciplinado seria mais importante do que viver uma vida rotineira, sedentária e monótona.

Essa primeira interpretação basta para as considerações deste texto. Viajar, considerando-se as condições econômico-financeiros de casa um, claro, é imprescindível. Quase toda viagem promove crescimento. Menos a viagem das drogas, que levam a lugares sem volta.

A viagem nos traz oportunidades: sair da rotina por um período, adquirir conhecimento e reavaliar da própria vida. Obviamente, isso depende da experiência e da busca de cada pessoa, no trajeto e no destino.

Seja a experiência boa ou ruim, o aprendizado sempre ocorrerá, desde que sejamos observadores e nos socializemos com as pessoas que aparecem pelo caminho.

Viajar é uma oportunidade rica para nossas vidas. Qualquer viagem, por mais curta que seja, é capaz de produzir conhecimento. Naturalmente, precisamos estar abertos às experiências, tanto daquelas que podem ser vividas durante o caminho, quanto das experimentadas no destino.

A partida de um lugar a outro já promove um desafio. A quebra da inércia, da rotina, a construção do desejo de sair da comodidade somado à ativação da força interna de realizar a ação. Por mais que seja simples para muitas pessoas, esse processo sempre acontece, ainda que imperceptível, inconsciente.

Quanto mais diferente o ambiente para onde você for, tanto mais enriquecedora será sua experiência e, por consequência, a oportunidade de maior aprendizado.

Tanto mais você poderá refletir sobre sua própria vida e maneira de viver, quanto mais distinta for a cultura do lugar visitado ou daqueles de se apresentem no trajeto.

Fazer uma boa viagem é preciso ao menos uma vez na vida. Digo isso porque existem pessoas que nunca viajaram. Ou por falta de oportunidade ou de vontade mesmo. Viajar é uma experiência insubstituível. Encontrar outras pessoas, conhecer lugares diferentes. Ambientes onde você sentirá o desejo de permanecer, outros de nunca mais estar. Conhecer pessoas que vai admirar, cujo modo de vida poderá inspirá-lo na mudança de hábitos, pessoas que jamais gostaria de imitar ou viver vida parecida, fazendo refletir sobre a eliminação de vícios, especialmente aqueles relacionados aos lamentos e queixas sobre sua própria vida.

Faço aqui uma observação. Pouco ou nenhum aprendizado será acumulado em qualquer viagem se não houver relacionamento com as pessoas, se não promover diálogo em busca de conhecimento. Seja qual for a pessoa. Quanto mais travar diálogos com pessoas diferentes, mais enriquecerá sua experiência. As pessoas simples, na maioria das vezes, são as que mais nos proporcionam aprendizado. Talvez por estarem abertas à reciprocidade. Note que o adjetivo simples aqui utilizado não tem nada a ver com posição social ou condição financeira, refiro-me à humildade do ser.

Enquanto não faz sua viagem física, viaje pelos livros, pela internet, pelo bairro, pela vizinhança, mas sempre com olhar de aprendizagem. Sem querer contrariar Pompeu, tampouco Pessoa, viver é preciso, por isso, viajar é preciso.

Sérgio Piva
s.piva@hotmail.com
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