Quinta, 25 de Abril de 2024

Padre Anchieta e a Bomba Atômica

15/01/2017 as 14:28 | Fernandópolis | Da Redaçao
Após quase quarenta anos, Adriana e eu retornamos a Itanhaém para “curtir” nossa filha Rachel e a praia; nos hospedamos na casa de veraneio da família de seu companheiro, Léo. O município tem um conjunto natural belíssimo, com praias amplas e seguras para crianças e famílias;é repleta de luxuriante vegetação, rios e cascatas. Despertou minha atenção os esculturais paredões de pedras escarpadas, adornando a orla, e que nos permitiu“alpinas” escaladas pelas suas trilhas, alternando picos e praias.

Itanhaém em tupi-guarani significa “pedra que canta” ou “pedra que chora”.

É a segunda cidade mais antiga do Brasil –datada de 1533, tendo maravilhoso acervo de atos, fatos e obras. Guarda uma parte relevante da história de nosso país, em especial uma, que mais se destaca: foi moradia do “Apóstolo do Brasil” - Padre José de Anchieta, a maior expressão religiosa, educacional, catequista, literária etc., etc., de nossa Nascente Nação e até hoje! Quem aqui vem, vê e sente ainda os reflexos da doce e envolvente presença do Padre Anchieta e de sua alma benfeitora.

Em 1980 foi beatificado pelo Papa João Paulo II, e em 2014foi canonizado pelo Papa Francisco.Dentre suas ações, há a citação de muitos milagres.
Visitamos novamente alguns locais que o “Apóstolo da Gentilidade” frequentou, criou e, principalmente, onde sempre exemplificou. Há um deles que é fisicamente marcante:a chamada “Cama de Anchieta”, que é um conjunto natural de pedras, com duas delas superpostas, uma em formato de perfeita cama,e outra, uma imensa rochaformando o teto. Ali, junto ao mar, era seu local preferido de descanso e meditação.

Num dia chuvoso, recebi de meu genro o livro “A Bomba de Hiroxima”, edição de 1977, dos autores norte-americanos Gordon Thomas e Max Morgan Witts. Nele, relatam de forma profundamente detalhada e técnica, com fontes seguras e documentos oficiais - de ambos os lados - as causas,a criação, as reações e os efeitos do lançamento de bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, em 6 e 9 de agosto de 1945, respectivamente.

Apenas para não esquecer:em segundos foram “aniquiladas” mais de 200 mil pessoas, além de outras milhares através de seus efeitos diretos e indiretos, radioativos ou não.

O acerto ou erro do uso de armas atômica sé até hoje - e será sempre - motivo de infindáveis discussões e justas argumentações. De um lado, o Mundo vendo seus horripilantes efeitos; de outro, os militares prevendo que, em caso de invasão do território japonês, “milhões”morreriam nos embates entre os dois lados, e não os “milhares” previstos e ocorridos com a Bomba, pois sabia-se que a população civil tinha sido preparada e se envolveria, também.

Só para ilustrar e simplificar o tema: a força de destruição “apocalíptica” daquela bomba atômica foi gerada pela desintegração do núcleo do átomo de um mineral, o Urânio, que causa ultra-super-mega-giga reação em cadeia energética, com efeito já relatado. O Urânio é encontrado na Natureza sob a forma de pedras, como tantos outros minerais, com a diferença de possuir em seu “íntimo”, uma força descomunal, que pode ser usada para o bem ou mal.

Então, aqui, à beira da praia onde pisou Anchieta, e na terra onde as pedras “Cantam ou Choram”, dá para refletir um pouco e ter uma dúvida:

- Com Anchieta, as pedras certamente cantaram alegremente porque, com elas, construiu igrejas, abrigos, hospitais etc., dando-lhes vida e energizando-as com suas divinas aspirações;

- Com os Aliados e os Japoneses, choraram copiosamente, pois os homens as transformaram em motivo de ódio e instrumento de morte e desolação;

Lembrando Carlos Drummond de Andrade:

(...)Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

E nós, às Pedras que cruzamos, estamos dando-lhes“vida” ou tornando “de pedra” nossos corações?

Jesiel e Rachel Bruzadelli Macedo
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