Sábado, 20 de Abril de 2024

Seleção da Argentina pode enfrentar problemas maiores em breve

28/06/2016 as 13:00 | Mundo | Da Redaçao
A dor após a nova derrota para o Chile na final da Copa América e o anúncio de que Lionel Messi não defenderá mais a seleção ofuscaram uma questão muito mais séria para o futebol argentino, que, em breve, poderá ver seus times banidos de competições internacionais.

A seleção da Argentina pode acabar de fora das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia, enquanto os clubes podem sofrer o mesmo destino: no curto prazo, o Boca Juniors está nas semifinais da Copa Libertadores, e o River Plate tem a Recopa Sul-Americana pela frente.

Assim como parece um pesadelo, isso pode se tornar verdade nesta semana se a Associação de Futebol Argentino (AFA) for removida da Fifa. A maior entidade do futebol mundial não permite interferência do governo com qualquer um de seus filiados. Quando isso acontece, a própria Fifa é quem toma as medidas para normalização.

A AFA vem passando por turbulência desde a morte do antigo presidente Julio Grondona, que comandou a organização entre 1979 e 2014. A luta pelo poder da sucessão do cargo chegou ao seu pico com a eleição presidencial de dezembro, que terminou empatada em 38 a 38 quando o máximo possível era de 75 votos (não precisa fazer a conta, certo?).

Ao mesmo tempo, vários dirigentes do futebol argentino estão sendo investigados por possível conexão com a Fifa no escândalo de corrupção e por suspeita de mau uso do dinheiro recebido do governo argentino em troca dos direitos de TV.

Sob este cenário, na última semana, a Fifa tirou Luis Segura do comando da AFA e apontou Damian Dupiellet, ex-presidente do Ituzaingo, da quinta divisão argentina, como comandante de uma comissão que tem como objetivo ajudar a reorganizar a AFA e agendar novas eleições até 30 de junho de 2017.

Mas a juíza Maria Servini de Cubria, que está encarregada de investigar o caso de irregularidades nos livros da AFA sobre direitos de transmissão de TV, entendeu que essa medida pode resultar em obstrução da justiça. Consequentemente, ela ordenou ignorar as ordens da Fifa. A entidade comandada por Gianni Infantino talvez considere que essa decisão é o tipo de interferência que ela não permite e, assim, poderia lançar os mecanismos para desfiliação.

Nos próximos dias, a juíza vai se encontrar com enviados da Fifa e da Conmebol, além de Luis Segura, supervisores que ela nomeou e Dupiellet para determinar como eles podem sair desse conflito sem que a Argentina seja expulsa. Geralmente, a Fifa é muito rigorosa com essas questões: eles sabem que, se permitirem uma intervenção, isso vai gerar um efeito dominó em muitos países onde as confederações de futebol são cheias de irregularidades, como no caso da AFA.

Enquanto isso, as disputas entre as autoridades do futebol argentino são infinitas. Recentemente, presidente de grandes clubes (exceto Hugo Moyano, do Independiente) deixaram o Comitê Executivo da AFA como parte da tentativa de criar a Superliga, onde eles iriam receber uma parcela ainda maior de dinheiro. De novo, os direitos de TV são o centro das discussões.

Claro que isso colocou os clubes pequenos contra eles, uma vez que a distribuição de renda é o principal ponto do conflito em um esporte em que a maioria, se não todas as instituições, têm grandes dívidas.

Todos esses problemas tornaram a AFA em uma bomba-relógio. Ironicamente, nesta segunda-feira, o prédio da entidade em Buenos Aires teve que ser evacuado devido a uma ameaça de bomba.

As coisas não podem piorar... ou será que podem? A verdade é que o futuro do futebol argentino está em jogo. E os riscos envolvidos são muito maiores do que apenas perder uma final.
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