Sábado, 20 de Abril de 2024

Declaração de amor

21/05/2016 as 07:50 | | Da Redaçao
Mais um ano se passou. Fernandópolis completa mais um aniversário. Repito, uma vez mais e não me canso de repetir, as palavras que escrevi em outra ocasião, que caem como uma luva para essa data. Fernandópolis, meus caros, é uma jovem senhora. Aliás, mais jovem do que senhora, e apesar duns buraquinhos aqui e outros ali e de quem defenda uma remodelação estética urgente, digo que ela vai muito bem, obrigado. Sou suspeito em fazer essa afirmação, mas da mesma forma que Clarice confessou seu amor pela língua portuguesa, faço aqui uma confissão: eu amo Fernandópolis de paixão e essa paixão, às vezes doentia, me deixa míope para enxergar seus defeitos, mas "não tô nem aí", porque quem ama verdadeiramente não vê defeitos e também porque me aproveitei do ditado popular "é igual coração de mãe: sempre cabe mais um" e seria muita ingratidão criticar quem me recebeu de braços tão abertos.

Talvez por isso aceite suas qualidades e seus defeitos, suas vantagens e suas desvantagens. O mesmo tratamento que recebi da minha cidade também foi dado por ela a inúmeras outras pessoas que para cá vieram e fincaram raízes e hoje buscam torná-la uma cidade cada dia melhor, acolhendo mais e mais seus filhos, naturais ou adotivos. É a cidade onde cresci, vivi e ainda vivo. Da mesma forma que me recebeu de braços abertos, recebeu também meu filho e outros tantos filhos de filhos naturais ou adotivos.

À medida que envelhecemos o lugar onde vivemos vai nos deixando marcas profundas. O JAP, escola onde conheci pessoas que aprendi a amar e que já não fazem mais parte da minha vida, algumas que ainda fazem, dona Sibéria e dona Maria Isabel que o digam; o comércio do Gazola, na esquina onde tantos doces e refrigerantes comprei e que ainda está lá, como que parado no tempo; a “leiteria do Blademir” e os sanduíches de mortadela com cotuba, a casa do Pangaré e a do Zaguinha, a banca do "seo" Osmundo que eu fazia questão de cumprimentar todos os dias e onde tantos gibis, jornais e revistas comprei e li sem comprar. Perdemos o Nosso Bar e seus sorvetes deliciosos e a casa da Dona Belkiss, aonde íamos chupar jabuticaba no pé, tudo isso e muito mais será lembrado pelo restante da minha vida.

Aprendi a gostar de seus bairros de suntuosas residências e da periferia de modestas casas das pessoas que labutam por dias melhores para si e para ela. Aprendi a gostar da exposição, do Fefecê, da feira-livre e sua mistura de cheiros e cores e também da diversidade étnica, onde se misturam os joões e josés que fizeram, fazem e ainda farão a nossa história. Aprendi a gostar principalmente dos contrastes entre o bonito e o feio, o bom e o ruim, o antigo e o moderno e aprendi que isso é que a torna tão bela.

Já fiz inúmeras viagens de trabalho ou a passeio visitando diferentes cidades e a cada retorno tenho ainda mais certeza de que Fernandópolis é a cidade para se viver. Muito embora ainda não tenha desenvolvido todo o seu potencial e também sofra as conseqüências de grandes demandas sociais, a sua população é criativa, trabalhadora e multiplicadora. Todos os dias, acordo e olho para ela e sinto um enorme orgulho de ser filho desta terra e uma motivação de trabalhar para que ela seja ainda mais próspera e tenha uma população cada vez mais feliz.

Meu sonho é que a nossa mãe Fernandópolis possa nos dar cada vez mais alegrias e que seus filhos encontrem as soluções que ela precisa para seus problemas e que estes problemas sejam resolvidos com bastante diálogo e muito amor. Sonho, ainda, que surjam oportunidades de emprego para todos e que vivamos tempos de paz e prosperidade na seara política. Sonho que a população se torne cada vez mais participativa nas discussões coletivas e colabore com um comportamento cada vez mais consciente. Sonho, por fim, que um grande futuro está reservado para Fernandópolis e que seus governantes amem-na incondicionalmente, assim como eu, assim como nós a amamos. Entre suspiros, digo sinceramente que aqui aprendi a acreditar que dias melhores virão e principalmente aprendi que o melhor de Fernandópolis, sem dúvida nenhuma, é a sua gente, é o fernandopolense. Precisa mais?


Henri Dias é advogado em Fernandópolis (henri@adv.oabsp.org.br)
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