Sexta, 19 de Abril de 2024

Justiça condena ONG de Eduardo Cunha a indenizar ex-empregados

13/02/2016 as 20:00 | Brasil | Da Redaçao
Uma ação judicial movida por nove ex-funcionários de uma ONG aberta pelo atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em 2009, na Vila Kennedy, comunidade carente do Rio de Janeiro, resultou em uma condenação para pagamento de indenizações por violações trabalhistas e outras questões, como uso dos empregados em campanha eleitoral do deputado. Segundo reportagem da revista Época, o “Centro de Cidadania Eduardo Cunha” funcionou por pouco mais de um ano e foi fechado logo depois das eleições de 2010, que deram mais um mandato a Cunha.
De acordo com a reportagem, que no site da revista exibe vídeos com depoimentos de ex-funcionários da ONG (veja um deles abaixo), Cunha já foi condenado pela Justiça do Trabalho, em primeira e segunda instâncias, por duas vezes no ano passado, em decorrência dessas ações. A publicação afirma ter ouvido cinco dos nove ex-funcionários da entidade – eles declararam que seu verdadeiro trabalho era fazer campanha para Cunha; oficialmente, serviços gratuitos de dentista, orientação advocatícia, balcão de emprego e fisioterapia, por exemplo, eram sido oferecidos na ONG.

“[...] os moradores acharam que, finalmente, os políticos ajudariam a comunidade pobre de 41 mil habitantes, a 40 quilômetros do centro do Rio, na ocasião dominada por traficantes e definida pela violência. Mototaxistas, feirantes e camelôs passaram a conviver com a aglomeração de cerca de 200 pessoas que acorriam ao lugar diariamente”, diz trecho da reportagem.

Na sentença que estabeleceu as indenizações, à espera de cálculo pela Justiça, um juiz anota que “restou comprovado que o réu [Eduardo Cunha] era mantenedor do centro, confundindo-se com a figura de empregador”. No relato de um dos empregados, a ordem era pedir votos para Cunha. “Na época da política, davam panfleto para a gente. Para todo mundo que buscava atendimento, a gente tinha de falar para votar nele”, recorda Penha Cardoso de Melo, que recebia R$ 400 para cuidar da limpeza e do cafezinho, segundo a revista.

“Coordenador de informática do lugar, Geilson Carneiro disse à Justiça que buscava envelopes com dinheiro vivo para pagar funcionários do centro. Em três meses consecutivos, Geilson pegou os envelopes com R$ 16 mil em cada vez, no escritório de Cunha; em outras ocasiões, a retirada foi feita no bairro vizinho de Campo Grande”, registra outro trecho do texto assinado pelo repórter Hudson Corrêa.
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