Produtores rurais organizam paralisação em rodovia
25/10/2015 as 07:50 | Região | Da Redaçao
Uma novela sem fim. Esse é o sentimento daqueles que usam diariamente a estrada vicinal Adriano Pedro Assi, que liga o município de Votuporanga à Sebastianópolis do Sul. Atualmente, a estrada encontra-se quase toda deteriorada, tanto pelo tempo, quanto pelo grande fluxo de caminhões pesados que por ali transitam.
Alvo constante de reclamações, proprietários rurais e moradores da área resolveram tomar uma providência para chamar atenção do governo para que a mesma ganhe reforma. Na próxima sexta-feira, 30 de outubro, alguns moradores e proprietários irão realizar uma paralisação na conhecida estrada 27.
Em entrevista ao repórter da rádio Clube FM, Rafael Cunha, o vereador Oswaldo Carvalho contou detalhes sobre a manifestação. “Todos clamam por socorro e pedem para que feche, então, na próxima sexta-feira iremos fechar a estrada para que chame atenção do governo e da prefeitura, para que a solução venha o mais rápido possível, pois com a entrada das chuvas no próximo mês, vai ficar impossível transitar pelo local”, relatou o edil, afirmando que essa manifestação é resultado de um pedido insistente dos produtores que procuram tanto à Câmara, quanto a Coacavo.
O vereador disse também que, segundo um levantamento, a vicinal é considerada a pior do interior paulista. “Na última sessão eu relatei isso, os computadores da Câmara travaram de tantos arquivos que temos da estrada do 27. Parte dela não tem mais asfalto, estão usando o acostamento. É melhor arrancar o asfalto e andar na terra. É vergonhoso. Nós encaminhamos oficio ao governo do estado, ao Ministério Público e esperamos a solução. Sem dúvida que a competência é municipal, mas tem trânsito pesado por parte da usina. Eu penso que uma parceria entre o governo do estado e a usina, uma questão de redução o ICMS e de repasse para refazer essa estrada, basta sentar na mesa de negociação e fechar esse acordo para que esses usuários da estrada sejam beneficiados”, pediu ele.
Problemas
É só andar poucos metros pela estrada que os problemas já são visíveis. Buracos, asfalto totalmente desfeito, pedaços que já chegaram na terra, faixas de limites apagadas e problemas no acostamento. José torres Peres, que é dono de um sitio e mora há 60 anos no local, relatou que passa pela estrada duas vezes por dia, e chega a achar que é melhor ir à cavalo do que utilizar um carro.
Ele conta que comprou um veículo novo no valor de R$50 mil e que o mesmo já apresentou problemas devido à qualidade ruim da estrada. “Eu gostaria então que o prefeito pegasse um carro dele, não da prefeitura, e viesse andar na estrada com uma semana. Ele depende do produtor rural, por isso devia cuidar mais da vicinal. Quando ele largar da prefeitura vai depende dos tratores”, disse.
O também morador de uma das propriedades, Denilson, conta que trabalha na cidade e por isso precisa passar pela via duas, ou até mais vezes por dia. Seu veículo já teve os pneus furados e ele enfrentou problemas na manutenção, todos causados pela má conservação da estrada.
Resposta
Ouvido pela reportagem da rádio, o secretário de Obras, Valdir Petenucci, foi categórico ao afirmar que está “de mãos atadas”. Um levantamento feito pelo Departamento de Estradas e Rodagens apontou que, para a total reforma da via, será necessário um orçamento de aproximadamente R$11 milhões, dinheiro esse que a prefeitura já afirmou não ter disponível.
O secretário conta essa é uma das principais fontes de reclamações que chegam até a sua pasta. “É lamentável o estado dessa estrada. O que acontece e que a gente tem que deixar bem claro é que a prefeitura não tem como resolver o problema sozinha, sem parceria. Já foram feitas inúmeras intervenções, até mesmo com o deputado Carlão, com o Junior Marão, tentando viabilizar essa situação. A resposta é sempre a mesma "não temos nada ainda projetado”, disse.
Petenucci relatou que foi feito um levantamento onde foi apontado que essa via precisa ser refeita nos moldes de uma SP, ou seja, de uma rodovia, pois, quando projetada, o objetivo era que ela fosse voltada apenas para carros de pequeno e médio porte. “Não sabíamos nem prevíamos que a usina ia se instalar do outro lado. Com caminhões pesados, acima de 90 toneladas, essa base não resiste, então precisava trocar a base, fazer um trabalho para resolver o problema definitivamente. Essa via não tem acostamento, se cruzar dois veículos e um terceiro querendo ultrapassar, vai acontecer um acidente. Deus é muito grande e tem protegido muito, já que essa estrada oferece risco diário”, contou.
Ele também diz que existe certo descaso do governo em não enxergar a situação crítica que chegou a vicinal. “O que temos feito? Uma parceria com a usina, que nos oferece a massa asfáltica, a gente vai lá, faz um tapa buraco, e isso, com o trafego intenso, não resolve o problema. O que tem que ser feito é uma reforma nessa pista. Ela precisa ter saídas para que, por exemplo, em uma situação de emergência, as pessoas possam utilizar as laterais e que ela tenha condições de oferecer segurança nestes casos. E a gente não tem conseguido isso. O governo vai protelando, protelando, e recursos da prefeitura, para aplicar nesse trecho é o tapa buracos, a massa asfáltica que a gente tapa um hoje, aparece dois amanhã”.
Quanto a prazos, ele não acredita que a obra saia ainda nesse ano por parte do governo. “O que a gente tem que entender é que a população que transita por ali está revoltada, chateada, preocupada e com razão, pois, realmente, a pista não oferece segurança nenhuma, e a gente está assim, aguardando. O DER fez o levantamento de quanto é que vai sair, agora, o governo está com as rédeas puxadas, sem verba, não tem destinação para isso, tem outras prioridades e eu fico de mãos atadas”.
Questionado sobre o recapeamento feito pelo município de Sebastianópolis do Sul em parte do trecho da vicinal, ele disse que, até agora, não sabe como a obra foi conquistada. “O que o governo deveria entender é que o que gera de ICMS para o estado, estava na hora de abrir os olhos e pensar com um pouco mais de carinho para resolver o lado do rio São José pra cá. O prefeito não tem medido esforços, tem buscado ajuda e parcerias, mas sempre esbarra na burocracia. Esse é o momento que você não tem mais palavras. Eu prefiro ser mais sincero do que alimentar uma coisa que eu estou vendo que não vai acontecer. Eu não quero alimentar ilusão para ninguém. Eu falo com tranquilidade, pelo ritmo das coisas, esse ano não vai acontecer nada. O que vai acontecer é que com esforços da prefeitura ir lá e tapar os buracos e resolver da forma mais paleativa possível. O povo não quer isso, quer uma pista decente. A ferramenta que temos na mão é a parceria”.
Para encerrar sua fala, ele conta que a principal medida que deve ser tomada pelo governo para que não seja mais necessário o recapeamento é, se não for possível transformar a vicinal em SP, que pelo menos a condição do tráfego seja a mesma, pois, a quantidade de caminhões que trafegam são extremamente pesados e a base não foi preparada para isso. “É um emaranhado de coisas e alguém tem que tomar uma solução, e eu não sei de onde tem que vir isso. A prefeitura não tem condição de reformar essa pista, que precisa ser feito. Ela tem uma série de questões a serem finalizadas, como acostamento, alargamento. Se o governo não ajuda, não sei como fica, porque vai chegar um momento que não vai mais ter como passar. A solução o prefeito tem buscado, mas sempre esbarra nas secretarias, e ao que me parece, o governador não tem muita vontade de resolver os problemas”.
Maíra Petruz/Diário de Votuporanga