Sexta, 19 de Abril de 2024

Déja vu

01/08/2015 as 07:50 | | Da Redaçao
Eduardo Cunha foi eleito presidente da Câmara contra a vontade do governo federal e com apoio irrestrito do chamado “baixo clero”. A partir daí, começou a pautar não só o Congresso, mas também o governo, criando factoides e fazendo o jogo que a torcida gosta. Nem sempre, porém, essa é a melhor estratégia.

Em outra ocasião, a Câmara também elegeu presidente um deputado com as mesmas características de Cunha e com o apoio maciço do chamado “baixo clero”, que afrontava o governo a todo instante. O nome dele era Severino Cavalcanti. O final da história é conhecido de todos: renunciou à presidência e ao mandato para não ser cassado, após uma série de trapalhadas.

O atual presidente parece que vai trilhando no mesmo caminho. As denúncias da Operação Lava Jato, de que teria recebido, na versão de um dos delatores, propina milionária, colocou em xeque a credibilidade do parlamentar carioca. Mais ainda, a denúncia conseguiu fazer o que era praticamente impossível: juntar PT e PSDB no propósito comum de “esvaziar a bola” do presidente. O PT, em busca da governabilidade, já que se tornou refém de Cunha. O PSDB, na tentativa de diminuir o raio de influência do PMDB.

Enquanto isso, a “presepada” da tropa de choque de Cunha foi a convocação da advogada Beatriz Catta Preta para que ela explique, na CPI da Petrobrás, de onde veio o dinheiro usado para pagamento de seus honorários. A intenção seria constranger a advogada, que se tornou conhecida em todo o país por defender os delatores da Operação Lava Jato. Logo após a convocação, numa entrevista, a advogada não citou nomes, mas afirmou que a intimidação viria dos que votaram a favor de sua convocação (para descobrir quanto ganhou dos clientes e de onde veio o dinheiro). Só faltava essa! Menos mal que o STF barrou a pretensão esdrúxula dos parlamentares.

Agora, a expectativa é para saber se Eduardo Cunha será denunciado nas próximas fases da operação e, caso isso aconteça, se irá continuar no cargo. Por sua vez, os correligionários de Cunha vão dizendo, pelos quatro cantos do Congresso, que está havendo uma orquestração do governo para sua “demonização” e que não haverá outra saída que não seja iniciar, rapidamente, o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Parece que já vimos essa novela. Então, não percamos as cenas dos próximos capítulos.


Henri Dias é advogado em Fernandópolis (henri@adv.oabsp.org.br)
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