Quinta, 25 de Abril de 2024

Salhi enviou selfie com a cabeça de sua vítima a um jihadista

29/06/2015 as 18:00 | Mundo | Da Redaçao
Yassin Salhi, homem que confessou ter decapitado seu patrão na última sexta-feira (26), em Saint-Quentin-Fallavier, na França, alega motivação pessoal para o crime. Mas uma foto tirada pelo homem ao lado da cabeça da vítima e em seguida enviada a um telefone na Síria reforça a tese de motivação religiosa para o atentado.

Os investigadores informaram que o suspeito enviou uma "selfie" (uma foto de si mesmo) ao lado da cabeça de Hervé Cornara, de 54 anos, através do aplicativo WhatsApp, de mensagens instantâneas. O destinatário seria um número canadense que pertence a Sébastien-Younès V-Z., um homem originário de Vesoul (leste da França) e que partiu com a família para Raqqa, na Síria, em 2014, onde combate ao lado do grupo Estado Islâmico.

Em seu depoimento, Yassin Salhi admitiu a autoria do assassinato e disse que vivia um momento de tensão com seu patrão na empresa de transportes ATC. Um colega de trabalho contou à polícia que, poucos dias antes do crime, Salhi teria derrubado uma carga de equipamentos de informática, o que provocou uma discussão agressiva entre os dois.

Segundo uma fonte do jornal Libération dentro da equipe que investiga o caso, esse momento de raiva se somou ao sentimento religioso radical de Yassin Salhi, que chegou a ser monitorado pela polícia francesa a partir de 2006 por ser ligado ao movimento islâmico salafista. “A intenção inicial de Salhi era de matar o seu patrão”, afirma a fonte. “E como ele é fortemente radicalizado há 10 anos, ele resolveu matar usando o imaginário jihadsita”, explica.

Problemas conjugais

Além disso, Yassin Salhi disse estar vivendo problemas conjugais – para ele, sua mulher não era religiosa o suficiente – e por isso teria planejado um ação de forte apelo midiático, “maquiando” seu suicídio para parecer um ato terrorista. A tentativa de tirar a própria vida acabou fracassando, quando a explosão causada pelo choque de seu carro contra uma unidade de gás não surtiu o efeito desejado.

A explicação de Salhi não convence os investigadores. “Parece que ele está encobrindo algo. Apesar disso, é verdade que o grupo Estado Islâmico não reivindicou o atentado. Em geral, eles ordenam a execução de policiais, militares e judeus, mas não de chefes de empresa”, diz a fonte do jornal Libération. “As duas bandeiras encontradas ao lado da cabeça mencionam a Chahada (a profissão de fé dos muçulmanos), mas não têm nenhuma relação com o Estado Islâmico”, completa ele.
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