Casal fernandopolense larga tudo para viajar a América de carro

Largar emprego, vender a casa, juntar as economias e correr atrás do sonho parecem coisas de cinema, fora do mundo “real” - onde as pessoas têm de trabalhar, ter bens e estabelecer uma família.

No entanto, tem gente com coragem e determinação, que vive pela filosofia de que sem o sonho é impossível viver e ser feliz. Um casal de Fernandópolis viaja há quatro meses e meio, rodou mais de 20 mil quilômetros e conheceram quatro países. Parece muito, mas Fernando Menga, de 26 anos, e Claudia Oliveira, de 27, ainda têm um longo caminho pela frente.

O casal partiu no dia 4 de janeiro para uma viagem pela América do Sul que está prevista para durar 10 meses. Nesse período, eles pretendem dirigir por cerca de 110 mil quilômetros e conhecer todos os países do continente. Para fazer essa aventura, Fernando e Claudia largaram seus respectivos empregos (ramo empresarial) e a vida confortável que levavam em Fernandópolis. Se antes eles moravam em uma casa no Residencial Santa Filomena, zona sul do município, hoje dividem um espaço de 4 m²: o automóvel onde viajam.

Os dois, que até pouco tempo atrás não faziam percursos de carro mais longos do que de Fernandópolis até o litoral paulista, contam que sempre gostaram de viajar, mas nunca tiveram o perfil de mochileiros.A ideia da viagem surgiu há dois anos após visitarem a exposição de fotos de um amigo, de São Paulo, que havia percorrido alguns países sul-americanos em uma bicicleta. “Vimos que dava pra fazer aquilo de carro, e começamos a pensar o que queríamos da nossa vida. Estávamos acomodados e queríamos sentir mais frio na barriga. Tínhamos uma grana guardada”, explica Claudia.

No início, a reação da família, dos colegas de trabalho e dos amigos foi de surpresa. “Todo mundo questionou muito. As pessoas falavam: “Vocês estão malucos? Como vão viver no carro? Vão jogar tudo para o alto? Foi todo um processo”, diz Fernando.

ROTEIRO

A rota planejada, que conta com o auxílio de GPS, começou pelo Paraguai, Argentina e Uruguai. Atualmente, o casal se encontra no Chile, mais precisamente em Valdivia.

A ideia é ficar ao menos 20 dias em cada país, mesmo em países bem pequenos. “Queremos aproveitar ao máximo nossa viagem. Sabemos que teremos dificuldades em alguns países, como já tivemos. Esperamos superá-las sempre”, acrescentou. O roteiro tem certa flexibilidade.

Eles rodam, em mé- dia, 200 km por dia. O carro foi batizado de Coyote, em uma menção ao personagem de desenho animado que perseguia o Papaléguas. “Ele vai devagar, mas nunca desiste”, brinca Fernando. Claudia e Fernando ficam em hotéis com preços acessíveis. Costumam cozinhar, mas fazem questão de ir a restaurantes conhecidos, já que gostam de gastronomia.

PLANEJAMENTO FINANCEIRO

O planejamento financeiro também é levado a sério. Já antes de sair do Brasil, eles haviam despendido R$ 70 mil com os preparativos. Ao longo do percurso, todos os gastos são registrados, para evitar sair do previsto -- que era de US$ 200 por dia, mas já foi reajustado para US$ 150, devido à alta do dólar.

DECISÃO CERTA

Apesar de tudo, fica a sensação de que tomaram a decisão certa. “Aprendemos em quatro meses coisas que levaríamos anos para aprender. Exercitamos a paciência, a disciplina com os gastos, um olhar de respeito sobre a cultura de cada lugar. Isso não tem preço. Fora que, se expondo a tudo isso, ou a gente volta separado ou não separa mais”, brinca Claudia.

Se depender de Fernando, a relação ainda vai durar muitos anos: “Vamos poder contar para os nossos netos que demos a volta na América”, afirma.


Breno Guarnieri-Jornal O Extra