Sábado, 20 de Abril de 2024

Sobre um grande homem

01/05/2015 as 07:50 | | Da Redaçao
Infelizmente, aconteceu o que as pessoas de bem temiam. Geraldo Silva de Carvalho não é mais o Provedor da Santa Casa de Fernandópolis.
Ao sair de cena, o Dr. Geraldo, como é carinhosamente chamado, alegou que a idade estaria pesando e que o cargo exigia um dinamismo e uma disposição que já não mais possuía, segundo suas palavras. É uma pena que tenha sido assim.
Há que se respeitar a justificativa do grande homem, exemplo de honestidade e amor ao próximo, porém, não há como fugir à triste constatação de que “o buraco é bem mais embaixo”, eis que é público e notório que o Dr. Geraldo saiu de cena abatido pelo maléfico sistema que tentou combater durante mais de três anos.
A idade nunca foi problema para o Dr. Geraldo. Quando assumiu o cargo pela primeira vez, sua idade já era avançada, da mesma forma que ainda mais avançada era quando da sua reeleição para a provedoria. O entusiasmo sempre foi o traço marcante de suas ações e palavras. O fato é que sua saída pode ser debitada a vários fatores, mas o maior deles é que pessoas de sua estirpe não se dão bem em lugares onde os subterrâneos falam mais alto.
Pese amparado por seus parceiros de diretoria, o quadro clínico e a parte administrativa nunca caminharam na mesma direção que o norte de sua bússola apontava.
Queiram ou não, vivemos uma época em que não mais são levados em consideração os bons exemplos ou as pessoas de boas ideias e intenções. O mérito, hoje em dia, é malvisto. Vale mais o famoso QI de quem indica, de quem dá suporte a uma indicação, qualquer que seja, importante ou não para uma instituição.
Da mesma forma, a chamada força de espírito, da qual o Dr. Geraldo é um dos nossos maiores repositórios, também é vista com desdém. As pessoas com virtudes estão sendo substituídas por outras de pouca ou nenhuma qualidade, isso quando as têm.
O pior de tudo é que essa triste realidade não provoca nenhuma surpresa ou indignação. A própria saída do Dr. Geraldo mostrou isso. Ninguém se manifestou. Prefeita, vereadores, entidades de classe ou clubes de serviço, pessoas importante ou de destaque na sociedade, que tantas vezes ovacionaram o velho mestre, preferiram se calar ou deram pouca ou nenhuma importância ao fato. Mal sabem eles que não foi só a instituição que perdeu com o seu afastamento. Perdemos todos, nem sequer desconfiando que as coisas vão de mal a pior nessa terra de Fernando.
Qualquer idiota percebe que estamos perdidos. Sem líderes e sem rumo. Só por isso já é um pecado que sua saída de cena tenha se dado dessa maneira. Menos mal que ele tenha ido com a reputação impoluta, ainda em tempo de continuar dando sua parcela de contribuição aos ensinamentos espirituais que lhe são tão caros. Seus pares da Meimei agradecem. Aqueles que lhe são eternamente agradecidos, e não são poucos, também.
Agora, terá tempo para se dedicar ao que sempre foi sua vocação, médico de almas, até porque, da maneira mais difícil, deve ter descoberto que cuidar de homens é, de fato, tarefa divina.
Na verdade, o gigante tombou, sim, mas caiu de pé. Rogamos que assim se mantenha na sequência de sua caminhada. A idade nunca lhe pesará na distribuição dos ensinamentos do bem. Que assim seja!


Henri Dias é advogado em Fernandópolis (henri@adv.oabsp.org.br)
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