Terça, 23 de Abril de 2024

Sob segurança reforçada, Fórum na Tunísia termina no sábado, 28

27/03/2015 as 20:00 | Mundo | Da Redaçao
Na entrada da Universidade Al Manar, em Túnis, onde acontece até este sábado (28) o Fórum Social Mundial, o policiamento armado é constante. Detectores de metal foram instalados em todas as entradas e a polícia local revista bolsas e pessoas.

Mohamed Sayeh, 30 anos, faz doutorado em biologia na Universidade. Tunisiano, participou do primeiro Fórum Social Mundial realizado em seu país em 2013, com objetivo de discutir os efeitos da Primavera Árabe e não lembra de ter visto este tipo de equipamento na entrada do evento.

"Havia apenas alguns policiais espalhados pelo campus", lembra. Para ele, o reforço é justificado pelo atentado da última semana no Museu do Bardo, que deixou 23 mortos, principalmente turistas europeus.
Ele concorda com a segurança reforçada, mas reclama de alguns transtornos. "As filas para entrar estão longas, a revista é lenta e acabamos chegando atrasados para a universidade e isso acaba nos atrasando para as atividades". Além disso ele nota um esvaziamento do Fórum. "Tenho a impressão que muitas pessoas deixaram de vir por medo dos atentados”.

Participantes

Para Hamouda Soiubhi, que integra o Comitê de Organização do Fórum, a percepção do estudante é correta em relação à dimensão e à segurança do evento. Enquanto em 2013, o evento contou com 60 mil participantes, a estimativa para esse ano é de que chegue a cerca de 40 mil pessoas. No entanto, ele não acredita que isso tenha se dado pelo atentado. Sobre o número de países participantes por meio de delegações, o número continua o mesmo. Foram 121 países participantes com cerca de 5 mil organizações parceiras e movimentos sociais. Já o número de atividades aumentou de 900 para 1060.

Segurança

“Poucas pessoas cancelaram a vinda após o ataque ao Museu do Bardo. Apenas duas pessoas da Espanha e uma pequena delegação da França com cerca de 10 pessoas". Com relação à segurança, o evento contou em 2013 com 450 pessoas fazendo a segurança interna, realizada com a estrutura da universidade e sem porte de armas. Esse número subiu para 600 pessoas esse ano. Quanto à segurança armada feita na área externa da universidade e na entrada do evento pela polícia do governo, não havia em 2013.

Novas formas de mobilização


Para o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, o Fórum perdeu sua força e ímpeto iniciais após 15 anos de atividades. “Eu penso que é bom manter o Fórum, mas obviamente não vai ter a força, o ímpeto e a novidade porque ninguém tem depois de tantos anos. O Fórum tornou-se um bocado institucional, as ONGs tem ainda muito poder sobre ele e eu penso que o ele é apenas um parceiro para o futuro”. Boaventura acredita que devem surgir outras formas de mobilização social inspiradas no que acontece hoje na Espanha com o partido Podemos e na Grécia com o Syriza. “Vão haver outras formas de mobilização a nível nacional ou a nível regional e outras iniciativas vão surgir para fazer esta articulação entre partidos e movimentos, assim como entre o conhecimento universitário e o popular".

Juventude

Estudantes universitários e de ensino médio são presença constante no Fórum Social Mundial. Alguns como participantes, outros como voluntários. Mouelhi Maha tem 19 anos e é estudante da escola técnica de ciências de Túnis. Trabalha como voluntária no Fórum Social Mundial e a motivação é simples: "Quero contribuir para que a Tunísia seja um país melhor. Amo meu país". Apesar da apreensão, o clima do Fórum é tranquilo e em alguns momentos festivo. É fácil encontrar grupos de jovens artistas,tocando, cantando e dançando músicas típicas. Como o grupo de teatro de rua Foulen. Omar Titi, um dos artistas do grupo, toca o mecwed, instrumento típico do país, de som agudo e que funciona como uma espécie de gaita de fole, feito de couro de boi. Para ele o Fórum Social Mundial, é o lugar ideal para fazer o que gosta e divulgar seu trabalho.
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