Quinta, 18 de Abril de 2024

"O Corinthians não queria meu filho", diz mãe de Malcom

23/10/2014 as 15:00 | Brasil | Da Redaçao
Uma das principais opções da equipe de Mano Menezes e convocado para a seleção brasileira sub-21, Malcom nem sempre foi o preferido durante a sua trajetória no Corinthians.

Ao completar 16 anos, o clube paulista demorou para acertar o seu primeiro contrato profissional. Com propostas do São Paulo e do Internacional, ele quase deixou o alvinegro.

Segundo a mãe, Flávia de Oliveira, foi a vontade de seu filho em permanecer no Parque São Jorge e a insistência do empresário que impediram a mudança.

Antes de ser chamado pelo técnico Osmar Loss para disputar a Copa São Paulo de Futebol Júnior 2014, a pequena promessa, amargou o banco de reservas por quase um ano, no Juvenil, quando era um ano mais novo que os demais companheiros, entrando apenas nos últimos minutos das partidas, de acordo com ela.

Ele, aliás, foi o último convocado para o torneio, vestindo o número 30 do grupo vice-campeão, que perdeu para o Santos na final, no Pacaembu, sendo uma surpresa para toda a diretoria e também a família.

Fernando Garcia, empresário de Malcom e conselheiro do clube, foi pessoalmente ao Parque São Jorge exigir o primeiro documento profissional da revelação. A cúpula da base do Corinthians, no entanto, diz que não foi bem assim. Segundo Fernando Alba, responsável pelas categorias não profissionais, a direção sempre teve muito interesse no atleta, que já tinha contrato de formação, e que não perderia o atacante.

"O Corinthians não queria meu filho. O Corinthians não dava valor, achava que não ia virar. Não chegou a dispensar meu filho, mas não queria. Ele ficou no banco o ano inteiro. Ele entrou como titular só nos últimos jogos. Ele no banco tinha mais gols que o atacante titular. Mas o técnico não colocava. O clube não me procurou na hora de fazer o contrato, não estava interessado. A gente tinha proposta do Internacional e do São Paulo. Eu queria que ele fosse, porque a promessa nos outros clubes era pra que ele fosse titular lá. E no Corinthians, ele nem jogava", afirmou a mãe, em contato com a reportagem.

"Se o Fernando não tivesse insistido, não teria saído o contrato profissional. Poderia ter saído em outro momento, mas na época, não. E aí eu já não sei onde meu filho poderia estar. Eu não posso reclamar do tratamento que meu filho ganhou. Mas ele não jogava. Ele vivia uma fase muito boa. Ele entrava e resolvia. É papo de mãe, mas eu entendo muito de futebol. Ele vivia fase boa e não era aproveitado. O Malcom ficou porque tinha muita vontade de ficar e porque o empresário conseguiu convencer a diretoria", completou.

De acordo com a Lei Pelé, o clube formador, com contrato assinado e prova do investimento feito, tem o direito de assinar o contrato profissional a partir dos 16 anos até os 20. Se o atleta não quiser, no entanto, ou houver proposta para sair, o time interessado deve indenizar a casa original em um valor que pode chegar a 200 vezes do que foi gasto no período de formação.

"Claro que havia interesse. O Corinthians é o clube formador. Não tinha motivo para ter pressa. O contrato profissional do Malcom saiu da mesma forma que todos os outros garotos da base, não houve nada diferente. Não demoramos mais, nem menos. Foi tudo no tempo certo", disse Fernando Alba, ao ESPN.com.br.

Segundo o empresário Fernando Garcia, o Corinthians prometia que faria o contrato profissional, mas nunca chamava as partes para assinar a documentação.

"Eles prometiam que iam fazer o contrato, mas não chamavam nunca para assinar. As propostas chegavam de outros clubes, e o Corinthians não se mexia. Eu queria que ele jogasse lá. O menino era bom, não tinha por que sair. O que eles queriam era que eu desistisse e depois colocariam a culpa no empresário. Diriam que foi o Fernando Garcia que roubou o Malcom para outro clube", disse, em contato com a reportagem.

"No dia 2 de maio, eu fui ao Parque São Jorge, levei a mãe dele e ficamos o dia todo lá plantados, esperando alguém do Corinthians nos receber. A mãe dele queria ir embora, pedia para a gente assinar logo com o São Paulo ou com o Internacional. Ela precisava ir embora, como demoramos para ser atendidos, a Flávia perdeu o dia de trabalho. E eu não tirei o pé de lá e fiz ela ficar comigo também. Horas depois, o diretor apareceu e assinamos. Jogador bom, você assina no dia seguinte do aniversário de 16 anos. Eles deixaram Malcom de lado", completou.

Pelo primeiro contrato, do dia 2 de maio do ano passado, que tinha o salário mensal de R$ 3 mil, Malcom tinha os direitos econômicos fatiados da seguinte forma: 70% do Corinthians, 10% da GT Sports Assessoria, 10% da empresa de Fernando Garcia e mais 10% da Art Sports. Depois no entanto, como mostrou a matéria do ESPN.com.br, o Corinthians teve de vender partes dos direitos do garoto para pagar a compra de Ralf, quando chegou uma proposta da Fiorentina.

Confusão

Antes de o contrato ser assinado, no entanto, um episódio marcou o período de negociações com o Corinthians. Dois empresários foram à casa da família de Malcom e se apresentaram como diretores do clube paulista. Segundo a mãe do garoto, eles se identificaram e falaram que Fernando Garcia estava mentindo.

"Vieram aqui e falaram que eram diretores do Corinthians. Eu deixei entrar, para conversar. O primeiro falou para mim que era diretor, mas depois falou a verdade e disse que era empresário. Ele veio dizer que o Corinthians estava oferecendo um valor para fazer o contrato e dizendo que o meu empresário estava mentindo para mim. Eu disse, então, que ele tinha 24 horas para me mostrar que o meu empresário estava mentindo e que se ele provasse, eu fecharia com ele na mesma hora. Ele pediu para eu não falar para ninguém", explicou Flávia.

"Depois, uma dez horas da noite, ele retornou na minha casa e disse que não era hora de brigar com o empresário do meu filho. E foi embora, mas antes pediu para eu não falar para ninguém. Aí eu fui brigar com o meu empresário. Liguei para ele e disse da minha desconfiança. Eu não precisei nem terminar, e o Fernando já sabia quem eram os caras. Passou um tempo, o Robson me ligou brigando comigo. Depois de dois dias o contrato saiu. Ficou chato, né? Não sei o que aconteceu, não posso afirmar nada, mas foi uma coisa estranha", completou.
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