Suspeito de rapto de crianças de olaria é preso

O suspeito de ter raptado quatro crianças de uma olaria, no bairro rural Lajeado, em Penápolis, foi preso por volta das 15h30 deste domingo (14). Ele foi encontrado pela polícia em um matagal próximo a rodovia Assis Chateaubriand.

O acusado, que ainda não foi identificado, foi encaminhado à delegacia de polícia do município.

As quatro crianças que desapareceram no final da tarde de sexta-feira (12) foram encontradas por volta das 11h, próximo à Ponte do Colégio Agrícola. Bastante assustadas, elas foram levadas pelo Conselho Tutelar ao pronto-socorro da cidade, onde recebem atendimento médico.

A oleira Jéssica Rocha da Silva, 23, que seguia de carro para ajudar nas buscas ouviu os gritos das crianças e pediu para que elas corressem ao seu encontro. Elas teriam conseguido escapar depois que o suspeito fugiu em meio a mata, assustado com o helicóptero Águia da Polícia Militar, que sobrevoava o local.

"Me deu até vontade de chorar. Eu também tenho filho", contou Jéssica. Em seguida, a jovem ligou para avisar a mãe de que havia encontrado as crianças.

TERROR

Na hora do reencontro, houve muita emoção. As vítimas, três delas vestindo apenas uma bermuda, relataram que foram agredidas, mas aparentemente estão bem. Elas contaram que desde a noite de sexta-feira apenas comeram alguns bombons e limão com sal, enquanto caminhavam pelas redondezas, parando um pouco, às vezes, apenas para dormir. Para matar a sede, elas tomavam água em um córrego barrento que corta a mata onde elas estavam.

Segundo as crianças, a agressão ocorreu durante uma tentativa de fuga. O suspeito, conhecido por alguns como "Zé" e por outros como "Baiano", estaria portando uma faca e ora ameaçava os meninos de morte, ora dizia que ia entregá-los à Polícia, que por sua vez os mandaria para um abrigo.

Após as crianças serem encontradas, alguns moradores da olaria e das proximidades ficaram revoltados e entraram mata adentro, com pedaços de madeira e até uma tesoura de jardinagem, para capturar o acusado. Porém, retornaram sem achá-lo. Em seguida, chegaram viaturas da Polícia Civil, Militar e Ambiental.

O SUSPEITO

As quatro crianças, um menino de 9 anos e outro de 12 anos, e uma menina de 8 anos e outra de 10 anos, saíram para brincar por volta das 17h de sexta-feira e não foram mais vistas pelas famílias, que residem na olaria. As vítimas disseram que o suspeito pediu para que elas o acompanhassem, pois lhes daria um presente.

Entre os moradores da olaria, pouco se sabe sobre a identidade do suspeito, apesar de estar no local há mais de cinco meses.

De acordo com o arrendatário Edinaldo Marques, 35, o acusado foi trazido ao local por um rapaz que era conhecido das proximidades e foi acomodado em um pequeno imóvel de apenas dois cômodos. No local onde ele morava, há muita sujeira, nenhum móvel, roupas espalhadas e garrafas de bebida alcoólica. O rapaz que o apresentou foi embora, disse Marques.

Ele informou que os moradores pegaram confiança no suspeito e o deixaram ficar por ali. Ele ganharia dinheiro com os trabalhadores do local, construindo brinquedos de madeira e viveiros. "Ele não era de trabalhar, mas também não era de dar trabalho", afirmou Marques.

Os operários da olaria falaram que "Baiano" contava que veio do Paraná a pé, com uma cadela que sempre o acompanha. Com aproximadamente 40 anos, moreno e de cabelos enrolados, o suspeito teria duas tatuagens: a frase "game over" entre os dedos e um coração com o nome "José Aparecido".

O dono da olaria, Edilberto Castilho Pereira, 53, negou que o foragido trabalhou para ele. No entanto, os oleiros afirmam que o suspeito era funcionário e indicaram uma máquina de tijolos que ele operava. "Se ele não trabalhasse aqui, por que estaria aqui há sete meses?", questionou um funcionário que não quis se identificar.


Folha da Região