Quarta, 24 de Abril de 2024

Região de Fernandópolis tem candidato à Presidência da República

04/09/2014 as 08:01 | | Da Redaçao
Pela 4ª vez, a região de Fernandópolis tem um representante na disputa pela presidência do Brasil. Ele saiu do Noroeste Paulista em 1970 em busca de trabalho em São Paulo. Mas antes, nas margens do rio Grande viveu com a família e os dez irmãos.

Foi no tempo em que as pessoas migraram da zona rural para as cidades, um período em que o Noroeste Paulista era um sertão paulista colado ao Mato Grosso do Sul e Minas Gerais pelos rios. O progresso da região nesses 44 anos de distância não foi visto por ele, que há anos não volta à sua terra natal, mas a sua batalha política é voltada ao retrocesso dessa história, onde as pessoas possam voltar a produzir e viver na zona rural, com condições de financiamento e tecnologia do governo.

José “Zé” Maria de Almeida, candidato à presidência do Brasil pelo PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) viveu até a adolescência na região. Ele nasceu em Santa Albertina, próximo à Santa Fé do Sul, em 1957- três anos antes do distrito virar a cidade que hoje tem 5.956 mil habitantes.

Em entrevista ao Extra, por telefone, Zé Maria disse que sua mãe nasceu em Fernandópolis e depois foi para Santa Albertina. Ele e seus dez irmãos cresceram cruzando a balsa que ligava a cidade à Iturama, no Triangulo Mineiro pelo rio Grande, através do Porto Ribeiro, única travessia naquela época do Estado de São Paulo para Minas Gerais.

Filho de Clemente Alves de Almeida e Sebastiana Pessopani Rodrigues, Zé Maria viveu a infância na zona rural. A família vivia da agricultura familiar em terra arrendada. Ele e seus irmãos ajudavam o pai na roça e plantavam arroz e algodão.Mudou-se aos sete anos do sítio em que nasceu rumo à área urbana de Santa Albertina. Tempos depois resolveram mudar para a cidade, pois a maioria das crianças estava em idade escolar e Santa Albertina tinha deixado de ser distrito para virar cidade.

Naquela época, a população de Santa Albertina era de 18.651 habitantes, sendo 14.151 na zona rural e 4.500 na zona urbana. Com a chegada do povo à cidade, o Estado implantou um gerador para fornecer energia elétrica e o posto telefônico, que deu novos aspectos a cidadezinha. Logo depois foi autorizada a instalação do Ginásio Estadual em Santa Albertina. Mais tarde, em 1970, quando tinha 13 anos Zé Maria partiu com a família para Santo André, para concluir os estudos e em busca de oportunidades de emprego.

A família dele fez o mesmo que muitas famílias da cidade naquela época. Em relação aquela época, a população de Santa Albertina diminuiu 67%.

PERCURSO

Zé Maria disse que nunca mais voltou à região, onde ainda residem algumas irmãs dele. “Por conta do partido e dos ideais que defendemos, a gente acaba ficando nos grandes centros ou viajando para encontrar lideranças pelo país. Recentemente estive em Rio Preto para fortalecer o PSTU, que nessa eleição tem um candidato a deputado estadual de Jales, o Beron”, ressalta Zé Maria.

Aos 20 anos, Zé Maria iniciou o curso de matemática e trabalhava como metalúrgico. Nessa época, conheceu sindicalistas e militantes da Liga Operária (LO), organização trotskista que participou dos movimentos estudantis e trabalhistas do final da década de 70. O candidato não tem o segundo grau completo,não concluiu a graduação. Posteriormente, completou o curso de fresador ferramenteiro pelo Senai, sua formação profissional.


INTERIOR

Quanto as suas propostas para o interior do Brasil, ele destaca a redistribuição de áreas rurais para agricultores sem terra e o fortalecimento da agricultura familiar através de financiamentos do governo federal, dispondo de crédito e tecnologia para o homem do campo.

“Temos 4 milhões de famílias sem terra no Brasil e muita área improdutiva no país a mercê de grande indústrias do agronegócio.O PSTU propõe mudar essa política e tirar essas áreas que financiam grandes empresas e repassá-las para o uso da agricultura famíliar, que produz 70% dos alimentos no Brasil, mas que perde o rendimento e os incentivos para a indústria”, explicou.

QUEM É ELE?

Dirigente do PSTU, o candidato que nasceu na zona rural de Santa Albertina, Zé Maria já disputou a Presidência da República em 1998, 2002, 2010 e agora em 2014. Em 1980, Zé Maria foi preso com Lula e mais 10 sindicalistas, e enquadrado na Lei de Segurança Nacional e ficou mais de um mês preso.

Em 1984, mudou-se para Minas Gerais, onde participou da vitória da chapa de oposição, dirigida pela Convergência Socialista, no Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem. Zé Maria liderou a greve com ocupação da siderúrgica Mannesmann, em 1989.

Durante sete dias, centenas de operários controlaram a empresa. Em uma greve radicalizada, os operários usavam barras de ferro e, encapuzados, prometiam reagir diante de uma invasão, como havia ocorrido no anterior, na CSN, em Volta Redonda (RJ). A greve da Manesmann foi notícia nacional e permitiu a fundação da Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais, naquele ano.

Em 1992 a Convergência Socialista é expulsa do PT por defender a campanha do “Fora Collor”, que, até então, a maioria da direção do PT era contra. Zé Maria é um dos fundadores do PSTU, dois anos depois. Na Executiva Nacional da CUT, esteve à frente dos grandes enfrentamentos contra FHC, como a greve dos petroleiros.E nos anos seguintes, na greve do funcionalismo, em apoio aos sem-terra e contra as privatizações.

PRESIDÊNCIA

Pela primeira vez, em 1998, Zé Maria foi candidato à Presidência da República pelo PSTU, com o lema “Contra burguês, vote 16”. Candidato a presidente, em 2002, oferece uma alternativa a Lula e Serra, que haviam assinado protocolo de intenções com o FMI.

O PSTU põe a campanha a serviço da denúncia da ALCA, que iria transformar o país em uma colônia dos EUA. O partido sai fortalecido, e Zé Maria recebe 440 mil votos. Lula é eleito. O PSTU adverte que, sem romper com a Alca e o FMI, Lula não iria governar para os trabalhadores. Em 2010, Zé Maria novamente representa o PSTU como candidato à Presidênci da República,defendendo um programa socialista e fazendo severas críticas a Lula, José Serra e Marina Silva.

José Maria de Almeida foi candidato a presidência pelo PSTU desde sua criação, tirando as eleições de 2006, quando o PSTU não lançou candidato à presidência da república, pois saiu na Frente de Esquerda (PSTU - PSOL e PCB) que lançou a candidata do PSOL, Heloísa Helena.


Tatiana Brandini-Jornal O Extra
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