Quinta, 25 de Abril de 2024

Ex-presidente gremista afirma: "macaco é folclore do futebol"

02/09/2014 as 16:49 | Brasil | Da Redaçao
Luiz Carlos Silveira Martins, o Cacalo, ex-presidente do Grêmio, saiu em defesa da torcedora Patrícia Moreira da Silva, flagrada pelas câmeras da ESPN chamando o goleiro Aranha, do Santos, de "macaco", e afirmou que as ofensas raciais acompanhadas na última quinta-feira fazem parte do "folclore do futebol". Durante debate na Rádio Gaúcha, ele acusou o camisa 1 adversário de fazer uma "cena teatral" ao escutar um "gritinho".

"Dentro do folclore do futebol, o Internacional coloca uma faixa aqui é macacada. É dentro do folclore do futebol. Se você passar pela rua, encontrar um negrão, um afrodescendente e dizer olha, negro macaco, você está praticando um racismo grosso, sim. Mas nesse contexto do futebol, nessa forma, é o fim do futebol", disparou.

"A menina está sendo procurada no Brasil inteiro como se assassina fosse e os assassinados da Bolívia estão soltos. Os outros que deram tiro perto do Beira-Rio, também os do Rio de Janeiro estão soltos. Essa menina está virando assassina por ter feito um grito do folclore de futebol. Pelo amor de Deus", prosseguiu.

O dirigente, que comandou o Grêmio nos anos 90, disse ter investigado também o passado de Aranha e sugeriu que o atleta alvinegro não é nenhum "coitadinho".

Cacalo considera um absurdo um eventual punição ao tricolor gaúcho em julgamento nesta quarta-feira, às 14h (de Brasília), no plenário do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), no Rio de Janeiro. O clube corre risco até mesmo de exclusão.

"Acho o suprassumo do absurdo o que esta acontecendo. Não tenho palavras para definir o que está acontecendo com o Grêmio. E não estou falando como gremista. Absolutamente não. Porque sou absolutamente contrário ao racismo. Tenho grandes amigos negros. Negão, está me ouvindo, sabe disso. Jamais fui ao estádio praticar ato de racismo. E se alguma vez o torcedor do Grêmio chamou a torcida do Inter de macacada, não chamou o negro do Internacional de macaco, chamou o alemão de macaco, chamou o branco, o italiano, que é colorado. Não chamou por ser um ato racista. Já disse isso 1 milhão de vezes, mas é entendido assim e eu vou me aceitar que seja entendido assim", desabafou.

"Há tiros, prisões, tornozeleiras eletrônicas, mortes e a repercussão não é igual a essa. Acho um absurdo. O Grêmio custou a se posicionar. Se o grêmio for punido por um fato como esse, vai-se punir uma instituição de 110 anos que não é racista", concluiu.

Racismo na Arena

Na última quinta-feira, a torcedora gremista Patrícia Moreira foi flagrada pelas câmeras da ESPN chamando o goleiro Aranha, do Santos, de "macaco", durante partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil.

Após o episódio, Patrícia foi afastada de seu trabalho na Brigada Militar de Porto Alegre, e chegou até a ter sua casa apedrejada.

Neste meio-tempo, o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) suspendeu o confronto de volta entre Grêmio e Santos, já que o clube gaúcho pode ser excluído da Copa do Brasil.

Na primeira partida na Arena do Grêmio após o episódio, os jogadores gremistas entraram em campo contra o Bahia com uma faixa de campanha anti-racismo. Além disso, torcedores comuns vaiaram a torcida organizada que canta música se referindo aos colorados como "macacos".

Após o duelo, o técnico Luiz Felipe Scolari também chamou o episódio racista de "aberração" e pediu providências para o Governo.

O Grêmio diz ter identificado 10 torcedores racistas através das imagens da ESPN e das câmeras de segurança. Dois deles eram sócios do clube e foram excluídos do quadro, enquanto os outros oito serão proibidos de entrar novamente no estádio da equipe.
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